Vitor da Silva Lopes1 e Carly Barboza Machado2

1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Brasil
2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Brasil

A ausência do registro paterno é uma questão tratada pelo Estado como uma das principais condições sociais associadas ao risco e a delinqüência de jovens, de modo a mobilizar uma intervenção do Ministério Público cuja finalidade é reverter o quadro deste subregistro através de um projeto denominado “Em nome do pai” que incentiva jovens, mães e pais à inserção do nome do pai em certidões de nascimento de jovens e crianças.
No entanto, mais do que um vazio problemático, a ausência do registro paterno configura um modo de vida, uma “presença social” que merece voz para sua devida compreensão e manifestação no espaço público, de modo que suas razões e conseqüências possam ser politicamente discutidos a partir da experiência concreta daqueles que vivem esta experiência. Para tanto, este projeto do Núcleo de Pesquisa Cultis (Cultura, Identidade e Subjetividade) estrutura-se com o intuito de intervir junto aos jovens e adolescentes moradores de Seropédica que não possuam o registro paterno, de forma a discutir com eles a forma como vivenciam a situação e como narram e pensam a ausência/ presença de um suposto pai na vida de sua prole.
O Projeto “Sem Nome do Pai”: oficinas de áudio-visual para jovens de Seropédica se propõe a desenvolver competências de utilização da linguagem áudio-visual em jovens para que por meio delas esses possam formular os sentidos da filiação e da parentalidade. O presente projeto visa a capacitação profissional de jovens em técnicas e linguagens audiovisuais, possibilitando não só sua possível colocação no mercado de trabalho, mas a ampliação de suas redes sociais. Pretendemos investir, assim, na promoção de mobilização e participação social através da linguagem cultural audiovisual como caminho para o fortalecimento das vozes dos atores envolvidos na questão do sub-registro paterno e, potencialmente, como modo de expressão de outras demandas que lhes sejam legítimas.

Para tal, desde setembro de 2012 estão sendo oferecidas na UFRRJ oficinas de audio visual com a pariticipação de alunos da universidade e alunos da rede pública da cidade de Seropédica. Estas oficinas semanais investem no desenvolvimento de competências técnicas, mas também na formação de um “olhar” sobre a vida em família e a vida na cidade. As oficinas contaram com mais de 100 inscrições e desenvolvem-se com um grupo de 40 jovens. Após o término do primeiro modulo da oficina estes jovens já agrupados em equipes, organizaram a I Mostra de Vïdeo e Fotografia Cultis que foi a culminância do trabalho desenvolvido em 2012. Em janeiro de 2013 a oficina reinicia suas atividades.

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