“Dom”, “iluminados” e “figurões”
Um estudo sobre a representação oratória no Tribunal do Júri do Rio de Janeiro
O livro busca compreender a representação da oratória no Tribunal do Júri no Rio de Janeiro, que, na observação da autora, segue uma fórmula: do ponto de vista externo ao campo jurídico é persuadir aqueles a quem dirigida. E, de um ponto de vista interno, distinguir os profissionais do ofício, atribuindo-lhes, ou não, prestígio.
Apesar de ser a fonte de onde parte essa oratória, o tribunal não é o lugar que a sistematiza, porque esse tipo de discurso é ensinado, explicitamente, nos cursos e manuais. É por meio deles que essa cultura torna clara a prática, mas é no júri que será usada.
Há um caminho circular por onde a “fórmula” ideal de discurso passa: originária do próprio ofício do jurí, circula nas faculdades; divulgada pelos cursos de oratória, é realçada nos manuais para profissionais, até retornar ao tribunal.
No percurso, são criados regulamentos de fala para um oficiante do jurí, que acabam por expressar o sistema simbólico constitutivo dessa cultura. Isto porque espera-se, com tais regulamentos, que o profissional os conheça, tornando-se não só um “bom orador”, mas o melhor, característico do reflexo da competição implicitamente estimulada neste ofício.